Em
primeiro lugar, a partir do relato da criação (Gênesis 1.26-28) já deduzimos
que o estupro é uma prática incompatível com a sexualidade original projetada
por Deus; uma falsificação sexual na qual um homem violenta sexualmente uma
mulher contra a sua vontade.
Em
segundo lugar, nas leis do Deuteronômio, quando uma moça estivesse
comprometida, noiva ou casada, e fosse estuprada, a pena era capital: morte,
mas apenas para o estuprador. Caso a moça estivesse solteira, a pena era a de
indenizar à família com 50 peças de prata, mais a obrigação de casar-se com ela
(recebê-la como mulher e não objeto) na condição de jamais poder divorciar-se
dela. Em outras palavras, sexo era coisa séria para Deus e, consequentemente,
deveria ser para o seu povo (Cf. Deuteronômio 22.25-28)
Além
disso, duas histórias bíblicas reforçam a seriedade do princípio anti-estupro e
as consequências capitais para os agentes. A primeira está no livro de Juízes
19-20, que narra a história de um levita com sua concubina durante uma viagem.
Pelo caminho, cansados, passam por uma cidade e não tem onde repousar. Para sua
sorte, um velho os encontra na praça da cidade de Gibeá e os hospeda em sua
casa.
De
repente, um grupo de vadios invade sua casa para estuprar o levita — a antiga
prática de sodomia —, mas o hospedeiro os proíbe de fazer qualquer coisa contra
o seu hóspede, como mandava a cultura. Em troca, o velho oferece sua filha
virgem e a concubina do levita, mas os vadios rejeitam. Então, numa atitude de
autoproteção, o levita empurra sua concubina para fora da casa e os vadios,
enfurecidos, estupram-na a madrugada inteira. Ao alvorecer, o levita segue
viagem, põe a moça no animal de carga, mas ela já estava morta. Ao chegar em casa,
o levita sepulta sua concubina — de uma forma estranha para nós — cortando-a em
doze pedaços, dispensando-os entre as doze tribos de Israel, como uma honraria
nacional.
O
povo de Israel ao ver tal escândalo, lembra-se de atrocidades semelhantes cometidas
no Egito e, indignados pelo estupro e morte da concubina, fazem imediatamente
uma guerra contra Gibeá. Por fim, o povo de Israel aniquila o povo de Gibeá ao
fio da espada e quase extinguem uma das doze tribos, a tribo de Benjamim por se
contrapor a vingança israelita. Tudo por causa de um estupro e, digno de nota:
era uma concubina. Isso é suficiente para concluir que, no Antigo Testamento,
diferente de todas as culturas da antiguidade, estupro era um caso tão sério
que levou a nação israelita a destruir uma cidade como punição.
A
segunda história aconteceu tempos depois dentro da família do rei Davi,
registrada em 2 Samuel 13. Nela, um de seus filhos, Amnon, apaixonou-se por sua
meia irmã Tamar — pois Davi teve várias esposas — e, num ato de loucura, armou
um plano para aproveitar-se dela sexualmente. Tendo o plano funcionado, Amnon
estupra sua meia irmã Tamar e, após deitar-se com ela, despreza-a de forma
desumana. Quando Absalão, irmão inteiro de Tamar, soube do ocorrido, ficou
enfurecido, mas esperou uma ocasião própria para a vingança.
Passados
dois anos, ele organizou uma festa em família e convidou a todos, inclusive
Amnon. O estuprador, como que não se lembrando do que fez, compareceu
normalmente. Então, no meio da comilança, Absalão arma uma emboscada para Amnon
e seus soldados o matam na presença de toda a família.
As
duas histórias, portanto, confirmam que na Bíblia há uma cultura séria contra a
violência sexual. Um estupro no contexto do Antigo Testamento era tratado com o
mesmo rigor de um assassinato, por isso a pena era tão severa (Deut. 22.26). É
importante também registrar que a Lei israelita era a única que protegia as
mulheres de serem violentadas nas civilizações antigas, diametralmente oposta
da cultura imoral, abusiva e promíscua do Egito, Assíria, Babilônia e Grécia.
Na
Grécia de Platão e Aristoteles, a título de exemplo, uma mulher não grega
(estrangeira) podia ser estuprada na cidade sem que a lei a protegesse. Aos
homens era facultado o amor, às mulheres, contudo, apenas a condição de
produtora e reprodutora de pequenos animais que poderiam virar gente! Sem falar
nos casos de pederastia, nos quais adolescentes eram molestados pelos seus
mestres (pedagogos), não apenas na Grécia, mas também no Japão, China e Coreia
que por muitos séculos exaltaram tal comportamento, que hoje conhecemos por
pedofilia.
Coisas
semelhantes, ou até piores, também aconteciam aqui no Ocidente entre os celtas
e vikings, mas graças ao cristianismo e à Bíblia, estamos na frente dos
orientais a milênios nesse aspecto. Nós punimos severamente estupradores e os
condenamos moralmente de modo severo, enquanto que o Oriente ainda deixa muito
a desejar. Por isso, ser cristão é levar a sexualidade a sério, não toleramos
esta cultura insana de violência sexual. E digo mais: não espere de nós
aplausos para qualquer amor semelhante à "Cinquenta Tons de Cinza".
Jean
Francesco
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