Satanás
arremete contra nós, procurando nos destruir, quando estamos enfraquecidos e
doloridos. Tal como Simeão e Levi deram
sobre os siquemitas, quando estavam abatidos em dores, pela circuncisão (Gên
34.25).Todavia, Cristo nos fortalece na
nossa fraqueza, e habita com o quebrantado de coração (Is 61.1).
Não
desprezemos o trabalho de humilhação de nossas almas, pelo qual o Senhor
administra a nós a Sua graça em maior medida. Sempre é deixado algo para que os
cristãos lutem, de modo que entendamos que necessitamos de Cristo, para que
possamos exalar o Seu bom perfume.
Mas ainda que possa parecer um paradoxo, são estes corações quebrados como
canas, e estes pavios fumegantes que fazem as orações mais preciosas diante de
Deus, por causa da dependência dos gemidos inexprimíveis do Espírito, através
deles. Quão preciosas são para o Senhor as orações que fazemos com um coração
quebrantado!
Assim,
ao falarmos de pavio fumegante devemos ter em conta que isto tem o propósito de
nos lembrar que a menor fagulha da graça é preciosa. Há uma bênção especial
nesta pequena faísca.
Jesus
não veio salvar justos e sãos, mas pecadores e enfermos. Deus se agrada de que
nos alegremos com os humildes começos. Ele se agrada em usar grãos de mostarda
e formar grandes arbustos a partir destas pequenas sementes. Ele preferiu a
pequena cidade de Belém Efrata, e não Jerusalém, para nos trazer o Salvador.
Ele
não começou a Igreja com pessoas notáveis, poderosas, nobres, importantes e nem
mesmo com um grande número de seguidores. O Seu método é primeiro provar
fidelidade no pouco, para depois conduzir ao muito. O Seu ministério é
restaurador e nos deu um exemplo disto na reconstrução dos muros e portas de
Jerusalém com Neemias. E muito mais do que muros e portas, Ele está interessado
em restaurar vidas. E fará isto principalmente com paciência e amor.
Os
pastores devem então, ser pessoas simples e humildes, seguindo o exemplo do
Senhor deles, e exporem a verdade de maneira clara, e nunca de forma obscura.
A
verdade não teme algo tanto quanto o encobrimento, e não deseja algo tanto que
seja exposta clara e abertamente à visão de todos. Daí Jesus ter dito que tudo
o que ensinou reservadamente aos discípulos deveria ser proclamado de cima dos
telhados.
Paulo
era profundo, no entanto se tornou como ama acariciando seus filhos (I Tes 2.7),
e se fez fraco com os fracos (I Cor 9.22).
Cristo
desceu do céu e se esvaziou de Sua majestade, para se oferecer a nós, como
oferta suave de amor. E não desceremos de nossas elevadas vaidades para
fazermos o bem a qualquer alma necessitada de salvação?
Devemos
nos guardar daquele espírito que em vez de exibir paciência, longanimidade,
mansidão e misericórdia aos homens, demonstra fúria, exaltação e ira obstinada,
ainda que em nome de fazer prevalecer a verdade. Devemos lembrar que não
podemos fazer prevalecer a verdade agindo contra a verdade. Devemos nos lembrar
sempre que o fruto da justiça é semeado em meio à paz, sobretudo, a paz
interior dos nossos corações, enquanto ministramos.
No
exercício da disciplina na Igreja devemos nos acautelar para não tentar matar
uma mosca na testa de alguém com um martelo. O poder que é dado à Igreja é para
edificação e não para destruição.
O
amor cobre uma multidão de transgressões. Não foi exatamente isto que Deus fez
conosco ao perdoar todos os nossos pecados, quando nos salvou em Cristo?
O
Espírito Santo está contente em habitar em almas fumegantes e ofensivas. Que
nós pudéssemos reter algo desta mesma disposição misericordiosa!
A
graça não reside em almas perfeitas neste mundo. Lembremos sempre disto. Como
nenhum cristão se encontra em estado de perfeição absoluta deste outro lado do
céu, então nós temos que nos exercitar sempre em espírito de misericórdia, de
perdão e mansidão. Por isso, nunca devemos nos julgar, de acordo com os nossos
sentimentos presentes, porque nas tentações nós veremos muita fumaça
desprendendo de pensamentos incorretos.
Nós
devemos nos precaver do falso raciocínio, porque nosso fogo não é como o dos
demais, ou então por parecer que não há qualquer fogo em nós.
As
portas de Jerusalém estavam queimadas, mas Deus providenciou para que fossem
restauradas através de Neemias, de forma que erraram todos aqueles que pensavam
que Jerusalém permaneceria sem portas para sempre.
Devemos
lembrar que estamos na Aliança da Graça, em que nem toda medida é como fogo
pleno, pois há muita faísca, que deve ser também vista como chama. Todos os
cristãos têm a mesma fé preciosa (II Pe 1.1) por meio da qual obtiveram a
perfeita justiça de Cristo.
Uma
mão fraca pode pegar uma joia preciosa. Algumas uvas mostrarão que a planta é
uma videira e não um espinheiro. Uma coisa é ser deficiente na graça e outra
coisa não ter qualquer graça. Deus sabe que nós não temos nada de nós mesmos,
então na aliança da graça Ele não requer nada além do que Ele dá, e que sempre
nos dá o que Ele requer. Se não pudermos trazer um cordeiro, então permitirá
que tragamos duas pombas e uma rola (Lev 12.8).
O
evangelho é uma moderação misericordiosa, em que a obediência de Cristo é
estimada como sendo a nossa (Rom 5.19).
Pr
Silvio Dutra
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