Como encher-se do Espírito Santo?
Jonas Dias de Souza[1]
Texto Base: Efésios 5
Para
todo o crente em Cristo Jesus, o encher-se do Espírito Santo é assunto
de extrema importância. Em tempos de cultos emocionais e cair no
espírito, em tempos de teologias de prosperidade e pesudo-teologias, é
preciso, contudo, termos muito cuidado, para não confundirmos as coisas.
Na Igreja primitiva, o falar em línguas foi um sinal da presença do
Espírito Santo, mas na Eklésia do mundo hodierno não se constitui no
único sinal. E há crentes que sofrem por não haver ainda experimentado
este falar em línguas. E este sofrimento, não é necessário, pois impede o
caminhar de forma segura na presença de Deus. A primeira coisa é
reconhecer-se totalmente dependente de Deus para guiar a sua vida em
todos os aspectos.
A presença do Espírito Santo é mostrada
em muitas passagens de Atos dos Apóstolos. Não podemos nos esquecer que as promessas de Jesus Cristo foram cumpridas e o Espírito Santo é uma delas.
em muitas passagens de Atos dos Apóstolos. Não podemos nos esquecer que as promessas de Jesus Cristo foram cumpridas e o Espírito Santo é uma delas.
“E
comendo com eles, determinou-lhes que não se ausentassem de Jerusalém,
mas que esperassem a promessa do Pai, a qual, disse ele, de mim
ouvistes.” (Atos 2:4) O
versículo seguinte mostra que este é o Batismo de Cristo. João Batista
batizou com água, Ele, contudo batizaria com o Espírito Santo. Vemos que
esta promessa é extensiva aos filhos de Deus desta época. O Espírito
Santo se fez presente na prisão de Pedro e João. “Então, Pedro, cheio do Espírito Santo, lhes disse: Autoridades do povo e anciãos,” (Atos 4: 8)
Na reunião da Igreja em Oração o local tremeu. Isto é sinal de aprovação divina. “Tendo
eles orado, tremeu o lugar onde estavam reunidos; todos ficaram cheios
do Espírito Santo e, com intrepidez, anunciavam a Palavra de Deus.”
(Atos 4: 31) Hoje esta experiência pentecostal é renovada, com
coragem diante do mundo e generosidade para com os irmãos de fé. Isto
não pode ser considerado para o crente algo impossível. Ser cheio do
Espírito ainda hoje deve ser um requisito para a escolha de mordomos
para a casa do Senhor. A mordomia deve ser realizada na presença do
Espírito Santo. “Mas,
irmãos, escolhei dentre vós sete homens de boa reputação, cheios do
Espírito e de sabedoria, aos quais encarregaremos deste serviço.” (Atos
6: 3)
No
capítulo 7 de Atos dos Apóstolos, que é um resumo do Antigo Testamento,
temos uma grande Apologia do Evangelho. O mártir Estêvão faz uma das
defesas mais sublimes da Fé Cristã encontradas na Bíblia Sagrada. Esta
atitude só é possível graças a Presença do Espírito Santo na vida do
Apóstolo.
“ Mas Estêvão, cheio do Espírito Santo fitou os olhos no céu e viu a
Glória de Deus e Jesus, que estava à sua direita,” (Atos 7: 55) Neste
capítulo vemos como a Trindade sustenta o crente que é fiel. O Espírito
Santo enche de Paz e Amor, mesmo nas horas mais difíceis. A Glória de
Deus se manifesta, e faz com que Firmeza e Esperança sejam uma constante
na vida de fidelidade Cristã. Para este Apóstolo Jesus Cristo exaltado e
de pé abriu os céus para recebê-lo. Isto é possível por causa da
presença do Espírito santo. Esta perseguição não foi em vão, ela visava
acabar com um comodismo que poderia reinar, e durante as várias fugas os
crentes espalham as notícias de salvação. Em Antioquia acontece de
serem chamados Cristãos. E vemos a presença do Espírito Santo, agora em
Barnabé. “Porque era homem bom, cheio do Espírito Santo e de Fé. E muita gente se uniu ao Senhor.” (Atos 11: 24)
O crente que fica cheio do Espírito santo torna-se útil na obra. A
palavra “Cristãos” significa “pessoas de Cristo”. Assim como Estevão;
Barnabé era homem bom, não egoísta. Ele parte em busca do maior
perseguidor dos cristãos naquela época. Barnabé vai para Tarso à procura
de Paulo. Somente podemos creditar estas ações à presença inconfundível
do Espírito santo. Era cheio do Espírito santo, pois exortou,
alegrou-se e evangelizou de forma eficaz. E através de suas pregações,
várias conversões fizeram com que o povo de Deus crescesse. O mesmo
Espírito Santo impulsionou os pregadores para a Igreja gentílica, e isto
nos fez participantes das boas novas do Evangelho. O Espírito Santo
mais do que enchia a vida dos pregadores Paulo e Barnabé, ele inundava. “Os discípulos, porém, transbordavam de alegria do Espírito Santo.” (Atos 13: 52)
O crente cheio do Espírito Santo demonstra alegria em meios às dificuldades e perseguições.
Você
pode se perguntar como um texto começa em Efésios e de repente utiliza
Atos dos Apóstolos para falar do Espírito Santo. Ora, Paulo escreveu de
algo que ele já possuía experiência. O apóstolo já havia sentido e sido
testemunha da ação eficaz do Espírito santo na vida dos Cristãos, para
poder exortar os novos convertidos.
Os crentes em Cristo Jesus devem ser uma unidade. Unidade é mais que simples união, é união íntima.
Esta unidade Cristã se dá em várias faces, a saber:
1) Corpo: Através da Comunhão com outros Crentes que é a Igreja. Por isto é necessário assiduidade nos trabalhos da Igreja.
2) Espírito: Através do Espírito Santo que ativa a comunhão.
3) Esperança: A esperança comum do futuro glorioso que nos aguarda.
4) Fé: Que é o nosso compromisso único e singular na pessoa de Cristo Jesus.
5) Batismo: Que é o sinal de nossa entrada na comunidade Cristã e por conseqüência na Igreja.
6) Deus: Um único Pai que nos une e nos guarda para a eternidade.
Pequenas
diferenças doutrinárias podem até existir, mas a união no Espírito
Santo une como uma argamassa, como um cimento, esta construção sólida
que é Igreja de Jesus.
Ciente desta necessidade, o apóstolo Paulo exorta os crentes a encherem-se do Espírito Santo de Deus:
“Por
esta razão, não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a
vontade do Senhor. E não vos embriagueis com vinho, no qual há
dissolução, mas enchei-vos do Espírito, falando entre vós com salmos,
entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos
espirituais, dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de
nosso Senhor Jesus cristo, sujeitando-vos uns aos outros no temor de
Cristo” (Efésios 5: 17-21)
Vamos diferenciar:
Uma coisa é o salvo por Jesus ser a habitação do espírito Santo, como Paulo nos ensina na primeira carta aos Coríntios: “Não sabeis vós que sois o templo de Deus e que o Espírito de Deus habita em vós?” (I Coríntios 3: 16) e ainda “Ou
não sabeis vós que o nosso corpo é o templo do Espírito Santo, que
habita em vós, proveniente de Deus, e que não sois de vós mesmos?” (I
Coríntios 6: 19)
Outra
coisa muito diferente é o Crente ser cheio do Espírito Santo. É preciso
reconhecer que ainda que o crente seja o templo do Espírito Santo, nem
sempre está cheio do Espírito Santo. Podemos ilustrar com um vaso e
azeite. Um vaso pode conter azeite sem, contudo estar cheio de azeite.
Porém este vaso pode encher-se de azeite.
É
preciso muita atenção, pois a crise é de vaso e não de azeite. É
preciso encher do Espírito santo, mas antes de tudo é preciso haver
vasos. Temos duas necessidades a primeira é de crentes ou vasos, e isto
está em crise. A segunda é o azeite, o Espírito Santo. Há que ter estas
duas combinações.
E
qual é a maneira do crente encher-se do espírito Santo? Vemos que a
maneira do crente encher-se do Espírito santo deve acontecer através de
um processo, que é ensinado pelo apóstolo Paulo no texto em estudo.
1) Deixar a insensatez de lado. “Por esta razão não vos torneis insensatos, mas procurai compreender qual a vontade do Senhor.” (Efésios 5: 17)
A
palavra Insensatez é o mesmo que demência. A insensatez é o ato
resultante da falta de ponderação, do juízo. É o mesmo que imprudência,
loucura. É ainda o desatino e a irreflexão. Podemos evitar a insensatez?
Sim! Através da leitura e do estudo sistemático e da meditação com
conseqüente obediência à Palavra de Deus.
2) Abandonar o pecado. “E não vos embriagueis com vinho, no qual há dissolução, mas enchei-vos do Espírito,” (Efésios 5: 18).
Nós
temos aqui um contraste entre o vinho e o Espírito. O crente que é
cheio do Espírito santo não apresenta as características daquele que não
possui a presença do Espírito, mas possui o vinho do mundo. Temos na
Bíblia alguns sinônimos para o Vinho do Mundo, que é o pecado:
Desobediência, rebelião, transgressão, engano, iniqüidade, injustiça.
Mal, maldade, erro, perversidade, impiedade, concupiscência, depravação.
Crente com vinho do mundo:
A) Andar cambaleante;
B) Dias perdidos;
C) Mente entorpecida;
D) Cântico discordante.
Crente com o Espírito Santo:
A) Coração repleto de comunicabilidade;
B) Coração repleto de louvor a Deus;
C) Gratidão permanente, abrangente e universal;
D) Desejo de servir.
3) Adoração Coletiva. “Falando entre vós com Salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor com hinos e cânticos Espirituais” (Efésios 5: 19)
Vemos
que não é qualquer tipo de adoração. Deve ser uma adoração
Cristocêntrica. Participar dos cultos e da Escola Bíblica Dominical.
Entrar nas atividades da Igreja de forma ativa e pró-ativa. Participar
das atividades ministeriais, sociais, este deve ser o desejo de todo
crente. A igreja possui vários ministérios: Louvor, assistência,
conservação...inúmeros departamentos estão sempre precisando de
trabalhadores na Seara.
4) Adoração particular. “dando sempre graças por tudo a nosso Deus e Pai, em nome de nosso Senhor Jesus Cristo”. (Efésios 5: 20)
Todo
crente deve ter seu momento devocional diário. Avivamento sem prática
devocional não existe. A prática devocional mantém tanto o avivamento,
quanto a plenitude do Espírito.
Podemos
elencar várias práticas devocionais, que por si só dariam temas para
inúmeras pregações e escritos, vejamos algumas: Prática devocional da
leitura da Bíblia; da oração; do desabafo ou de derramar a alma perante o
Senhor; da confissão à Deus; da restauração ou seja a prática
devocional de colocar-se contritamente nas mãos do divino oleiro; da
humildade; da introspecção que é o investigar-se à procura de erros e
acertos; da vigilância; do discernimento; do equilíbrio; da espera; da
descomplexação que é soltar as amarras do pecado[2];
da confiança; da ousadia; da resistência; do poder em Cristo Jesus
obtido pela Fé em deus; da vontade cujo dom é o de gerir o livre
arbítrio com inteligência; da alegria.
5) Exaltação de Deus e Ação de Graças, em todas as situações. Orar agradecendo por tudo, conforme nos ensina o versículo 20.
6) Amor fraternal. “Sujeitando-vos uns aos outros no temor de Cristo” (Efésios 5: 20)
Ao
fazer a vontade de Deus estamos nos enchendo do Espírito Santo. Na vida
Cristã há necessidades de ações práticas. De caminhar em direção ao
conhecimento da Palavra de Deus. Oração e Palavra, obediência à vontade
de Deus. Pedir e agir em conformidade. Deus se move pela obediência e
não pela aparência. Quando a Bíblia nos fala de Crentes cheios do
Espírito Santo, fala-nos de crentes obedientes. Encher-se do Espírito
Santo é um privilégio dos Salvos em Cristo Jesus, pois somente os salvos
recebem o Espírito Santo. Contudo, existem pessoas salvas que se
contentam com uma vida de crente pequeno ou médio. Esquecem-se com o
passar do tempo que Cristo é uma fonte inesgotável de água viva.
“Quem
crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água
viva. Isto ele disse com respeito ao Espírito que haviam de receber os
que nele cressem; pois o Espírito até aquele momento não fora dado,
porque Jesus não havia sido ainda glorificado.” (João 7: 38-39)
Temos alguns exemplos comparativos de crentes vazios do Espírito Santo:
A) Uma Igreja sem membros;
B) Um piano sem cordas;
C) Um livro sem nada escrito;
D) Um tanque de combustível com apenas um litro de gasolina.
O crente com um limite mínimo de presença do Espírito Santo em sua vida é algo triste e lastimável: “Manifesta
se tornará a obra de cada um; pois o Dia demonstrará porque está sendo
revelada pelo fogo; e qual seja a obra de cada um o próprio fogo o
provará.” (I Coríntios 3: 13)
O crente cheio do Espírito Santo é o meio pelo qual Deus opera grandes coisas.
“Mas o fruto do Espírito é: amor, alegria, paz, longanimidade,
benignidade, bondade, fidelidade, mansidão, domínio próprio.” (Gálatas
5: 22-23)
O crente cheio do Espírito Santo está com a capacidade máxima para produzir muito fruto do Espírito. Cabe a você decidir.
VASO CHEIO OU VASO VAZIO?
Bibliografia:
Bíblia Shedd. (1997). São Paulo/SP: Vida Nova.
[1] Jonas
Dias de Souza é servo do Deus altíssimo, congrega na Assembléia de Deus
Missões na cidade de São João Del-rei. Licenciado em Filosofia pela
UFSJ.
[2] Soltar as amarras do pecado é a coisa mais simples do mundo, basta aceitar a Jesus como sustentador de sua vida Cristã. Nada há de complexo em reconhecer-se totalmente dependente da misericórdia de Deus, num contraste com a falibilidade humana.
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